sexta-feira, 27 de julho de 2007

Charlie Chaplin


"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."
Charlie Chaplin

terça-feira, 17 de julho de 2007

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A Um Ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem me deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
Carlos Drummond de Andrade
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"... sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra,
seja no meio de um deserto, seja no meio das grandes
cidades.
E quando estas pessoas se cruzam, e seus olhos se encontram,
todo o passado e todo o futuro perde qualquer importância,
e só existe aquele momento..."
Paulo Coelho

sábado, 7 de julho de 2007


Aloha:
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e
pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você
podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia
ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo,
quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe
como deter. Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não
saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e
encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se
ele continua preferindo Malzebier; se ela continua preferindo suco; se ele continua
sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele
jeitinho enlouquecedor; se ele continua cantando tão bem; se ela continua detestando o MC
Donald's; se ele continua amando; se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; não saber como
encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; não saber como frear as lágrimas
diante de uma música; não saber como vencer a dor de um silêncio que nada
preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não
saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por
isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente,
está sentindo agora depois que acabou de ler...
Mori.